Joana Eleutério
Pensar a respeito do assunto e tentar lembrar um episódio marcante, pitoresco, histórico ou divertido tornou-se um exercício interessante.
Na simplicidade de uma enorme família do interior de Minas, vivendo na zona rural, nossa vida tinha poucas novidades, não tinha grandes alegrias e nem muitas tristezas. Com pais extremamente comportados e enquadrados, nós éramos crianças que “entravam mudas e saiam caladas” em quase todos os ambientes. Tínhamos poucos direitos e muitos deveres.
[...]
Meus coleguinhas eram crianças bonitas, cheirosas, bem vestidas e muito bem penteadas. Eram muito clarinhas, não tomavam tanto sol como a gente lá da roça. E falavam de um jeito tão diferente também. Eu achava tão bonito e ficava caladinha, só observando e ouvindo. A nossa professora era excelente e eu logo aprendi a escrever e a fazer contas. Minhas redações e desenhos faziam sucesso. A professora sempre escolhia as melhores redações e lia alto para toda a turma – eu ficava feliz escutando o que eu tinha inventado na voz de D. Célia Resende. Eu me sentia uma verdadeira escritora. Tão feliz como quando declamava a Canção dos Tamanquinhos...
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